E o Oscar vai para…

“Parasita” surpreende e comprova que produções de excelência também podem ser feitas longe da indústria cinematográfica americana.

Por Murilo Andrade Ceregatti

Se você gosta de filmes com reflexões profundas sobre a realidade, mas sem ser maçante ou óbvio, certamente gostará do surpreendente vencedor do Oscar 2019 “Parasita”.

O longa sul-coreano narra a história de Ki-taek, um pai de família desempregado que vive com a mulher e seus dois filhos em um porão sujo e apertado. Uma obra do acaso faz com que o filho adolescente da família comece a dar aulas de inglês à garota de uma família rica. Fascinados com a vida luxuosa destas pessoas, pai, mãe, filho e filha bolam um plano para se infiltrarem também na família burguesa, um a um. No entanto, os segredos e mentiras necessários à ascensão social custa caro a todos.

Esse filme traz com ele várias críticas à sociedade que foram confirmadas pelo diretor Bong Joon Ho, tal como na cena onde eles estão comendo e um inseto para na mesa, sendo esmagado por Ki-taek, representando que sempre haverá alguém abaixo pronto a ser subjugado. Por outro lado, o diretor, que também levou o Oscar de melhor direção, roteiro original e filme estrangeiro, garante que não faz críticas às classes sociais, mas sim, retrata como as pessoas reagem ao ter mais poder do que as outras.

Com humor ácido e flertando com o terror, o filme, por ser coreano, esbarrou em certo preconceito devido à sua origem, barreira prontamente pulverizada após o merecido prêmio da Academia.

Se você faz parte do grupo que ainda torce o nariz para filmes estrangeiros, essa é uma excelente oportunidade para deixar-se surpreender por um enredo repleto de tristeza, inteligência e profundidade, o qual merece sua confiança e sua audiência.

Mais sobre Parasita

“Vou beber até o amanhecer”, disse Bong Joon Ho, diretor do filme Parasita, em seu discurso de agradecimento após receber o prêmio do Oscar, no qual homenageou o colega Martin Scorsese, que concorria com ele na categoria de Melhor Filme.

O filme sul-coreano ganhou em outras três categorias: diretor, roteiro original e filme estrangeiro. Foi a grande estrela da edição do Oscar 2019, tornando-se o primeiro longa não falado em inglês a ganhar a estatueta para Melhor Filme. Além disso, é a primeira vez, desde os anos 1950, que a mesma obra ganha o Oscar e a Palma de Ouro de Cannes.

O longa já tinha feito história ao se tornar o primeiro filme de língua estrangeira a vencer a principal categoria da premiação do SAG Awards, entregue pelo Sindicato dos Atores dos EUA — Melhor Elenco de Filme. Também levou o prêmio de melhor filme estrangeiro do Globo de Ouro.