Entre a magia e a guerra

Mia Couto destaca guerra civil moçambicana no romance “Terra Sonâmbula”.

Por Vinícius Sattin de Oliveira

Escrito pelo jornalista e biólogo moçambicano Mia Couto, Terra Sonâmbula (Companhia das Letras, 2016) transporta o leitor para uma mística e misteriosa aventura por Moçambique, durante sua guerra civil (1976-1992), que ocorreu após a independência do país, estabelecida em junho de 1975.

Lá, Muidinga, um garoto que perdeu sua memória, e o velho Tuahir buscam sua sobrevivência refugiando-se em um ônibus, onde encontram alguns cadernos que contam a história de Kindzu, um menino que abandonou sua casa e é perseguido em seus sonhos por seu falecido pai.

À medida que o enredo se desenrola, é mostrado o conteúdo de cada livro, inserindo o leitor em um universo metalinguístico que conta duas histórias ao mesmo tempo. Apesar de estas parecerem não ter nenhum elo, é revelada, no fim do livro, uma conexão muito surpreendente entre elas.

Terra Sonâmbula representa o melhor da literatura africana e uma das 12 melhores obras produzidas no continente no século XX, segundo a Feira do Livro de Zimbabwe. É, ainda, o improvável encontro entre a fantasia e a devastadora guerra civil moçambicana.